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ASPECTOS MORFOLÒGICOS
Campanhã é uma área cuja diversidade
funcional e morfológica toma difícil a caracterização em ternos globais. A paisagem
actual não é mais que o reflexo de um longo percurso histórico, de tal modo atribulado
de acontecimentos, que resultou numa mistura de áreas residenciais e industriais, a par
de belíssimas quintas e terrenos agricultados.
A via férrea e a Estrada da Circunvalação,
se por um lado vieram promover a facilidade de circulação e, portanto, o crescimento da
freguesia, proporcionaram também, a formação de um plano urbano bem característico da
cidade do Porto.
Freguesia detentora de 1/5 do território
concelhio, apresenta na actualidade um baixo volume de construções, fruto de uma
ocupação recente e da existência de significativos desníveis de relevo.
0 traçado das vias, de cunho marcadamente
rural, terá resultado sobretudo de condicionantes topográficas, donde a tortuosidade dos
caminhos, com fortes declives (como as Ruas do Freixo, Calçada do Rego Lameiro e, de uma
maneira geral, todas aquelas que se situam na margem direita do Rio Tinto).
Podem, pois, distinguir-se dois grandes tipos
de vias rodoviárias. As periféricas - Estrada da Circunvalação (coincidente em quase
toda a sua extensão com o limite concelhio), que permite um tráfego de grande
velocidade; e as de penetração no centro da cidade - S. Roque da Lameira, Avenida de
Fernão Magalhães, Bonfim e Pinto Bessa.
Os espaços verdes assumem significativa
importância em muitos quarteirões, onde a agricultura persiste ainda, a que se soma,
nalgumas áreas onde a qualidade habitacional permite, a manutenção de jardins privados.
Com dificuldade, é possível contudo
individualizar áreas com características semelhantes, resultantes de todo o processo que
até aqui vimos referindo.
AS ANTAS
Localizada a noroeste, a área das Antas
detém uma organização e qualidade que transparecem características quase únicas na
freguesia.
Composta por bairros de vivendas com 1 ou 2
pisos com garagem e jardim ou quintal, constitui uma área residencial privilegiada no
contexto da freguesia e da cidade.
A Habitação na Av. Fernão Magalhães. Bairro
de casas germinadas de Costa Cabral.
A Avenida de Fernão de Magalhães, com o seu
prolongamento para norte, terá sido factor estruturante deste espaço já que, pela sua
largura e traçado rectilíneo, desde logo permitiu um fácil acesso tanto à área
central como ao " exterior do concelho. É de facto, uma das áreas da cidade, onde o
prestígio se traduziu num aumento do preço do solo e, consequentemente, nas formas da
sua ocupação. Seria portanto de esperar a renovação em temos residenciais que aí se
tem processado, principalmente para o interior dos quarteirões, por particulares
detentores de poder económico para custearem a construção de novos edifícios. possui
ainda uma outra tipologia de habitação de carácter cooperativista, composta por
edifícios de 5 ou mais pisos, sendo o rés-do-chão ocupado por actividades económicas,
sem grande especialização e que se destinam principalmente ao apoio aos residentes
desses blocos.
Moderna tipologia de habitação económica
- A Cooperativa Tripeira
RUAS DO BONFIM E DE S. ROQUE DA LAMEIRA
Antigas vias de penetração na cidade,
apresentam um tráfego intenso e grandes contrastes arquitectónicos. Às antigas quintas,
que vão sendo absorvidas pela urbanização, juntam-se fábricas e residências, apelando
à necessidade de uma reflexão acerca das intervenções no futuro.
De facto, a par de elevados muros e largos
portões que protegem belíssimos palacetes, com enormes jardins a circundá-los,
sucedem-se edifícios com 3 e 4 pisos que remontam ao século passado e cujas fachadas
têm vindo a ser renovadas.
A Rua de S. Roque da Lameira. Uma Artéria de
contrastes
Estas vias suportam um significativo número
de funções, que se concentram principalmente próximo da Praça das Flores (Dr. Pedra
Teotónio Pereira) e do Largo do Matadouro, ligadas a actividades de consumo diário e
não diário, cafés, restaurantes e serviços administrativos.
HABITAÇÃO OPERÁRIA DO SÉCULO XIX E XX
Adjacentes às Ruas do Heroísmo, Pinto
Bessa, Freixo e Justino Teixeira, próximo da linha de caminho-de-ferro, e portanto das
antigas indústrias, as «ilhas» distribuem-se por ruas estreitas e declivosas,
originando uma estrutura de ocupação do espaço característica.
Habitação operária do século passado, é
constituída por uma ou duas tuas de pequenas casas no interior dos lotes das residências
burguesas, geralmente com um único piso, cujo acesso se resume a um corredor onde os
habitantes colocam vasos floridos tentando ludibriar a falta de condições condignas de
vida e minimizar a escassez de luz e espaço do interior das suas casas.
É esta a descrição que vulgarmente se
encontra quando é referida a habitação operária dos finais do século XIX e
princípios do século XX. No entanto, apesar de existir na freguesia de Campanhã (Rua
das Antas e de Justino Teixeira, entre outras), não é a única tipologia, nem sequer a
de maior expressão.
Percorrendo a Rua do Padre António Vieira,
que liga a do Heroísmo à de Pinto Bessa, não se vislumbram as habitações das muitas
famílias que vivem, não nos lotes, mas nas caves de algumas casas que a ladeiam.
Via de traçado rectilíneo e largura
significativa, detém edifícios de construção recente (década de 50 e 60), com 3 e 4
pisos a par de outros mais baixos e mais antigos, para os quais os desníveis no terreno
terão permitido construir caves bastante amplas. É, nestes últimos, onde se encontram
as ilhas, sem acesso directo à rua principal.
Um espaço densamente ocupado que não se
adivinha do acesso principal
- Rua do Padre António Vieira
Na área do Freixo, as imagens trasparecem vestígios de uma paisagem antiga.
Se as condições de habitação das Ruas das
Antas e de Justino Teixeira apelam a uma cuidada reflexão, estas ultrapassam-nas, quando
pensamos que vivem pessoas em pequenas casas num espaço reservado geralmente a arrumos ou
a garagens.
Com pequenos quintais e um certo desafogo de
espaço (se comparadas com as anteriores), as casas das Ruas da Formiga, da Presa Velha e
da Travessa de Nova Sintra, têm vindo a ser renovadas nalgumas áreas, depois de
adquiridas pelos proprietários, evidenciando uma melhoria nos rendimentos da população.
Algumas, com um acesso mais alargado, possuem
um estatuto diferente, assemelhando-se a pequenos bairros, onde é possibilitada a
circulação de automóveis.
De uma maneira geral, a sua configuração
(ladeando um corredor ou contornando um pátio), permite a convivência dos moradores e,
consequentemente, o fortalecimento de um sentimento de vizinhança e territorialidade.
Destinadas no início ao alojamento de
operários, estas habitações distribuem-se com maior incidência da Lomba ao Freixo e
estão estritamente ligadas ao crescimento funcional da cidade e à ocupação dos
terrenos de antigas quintas, em locais afastados e escondidos das casas senhoriais.
O preenchimento do interior dos quarteirões
por ilhas, provocou un1a diminuição dos espaços verdes e uma elevada densidade de
construções, resultado do prolongamento das ruas para o interior dos quarteirões, se
bem que as construções apresentem reduzido desenvolvimento vertical.
(continua)
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