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A OCUPAÇÃO FUNCIONAL
O aumento populacional que se tem vindo a
verificar nos últimos séculos, e com particular vigor nos últimos decénios, deve ser
considerado economicamente benéfico, pois proporciona a uma parcela da população a
possibilidade de prestar um certo número de actividades económicas e, simultaneamente,
delas retirarem rendimento e construir riqueza.
Contudo, o crescimento demográfico só é
vantajoso até ao momento em que o espaço e respectivas utilizações, consigam responder
às necessidades dos intervenientes. Isto é, os problemas surgem sempre que as entidades
responsáveis e os próprios residentes se debatem com questões ligadas à necessidade de
áreas para construção de habitações, de lazer, de circulação, de estacionamento e,
de uma maneira geral, para todas as actividades.
Distribuição das Actividades Económicas em 1981
Fonte: Instituto Nacional de Estatística, XII Recenseamento Geral da População
Observando o mapa relativo à distribuição
de actividades económicas na freguesia de Campanhã em 1981, poder-se-á detectar, pela
concentração de unidades funcionais expressas nos sectogramas, áreas privilegiadas de
ocupação.
Os lugares próximos da estação de
caminho-de-ferro (Godim, Vila Meã e Pinheiro de Campanhã) e as mais antigas vias de
circulação (S. Roque da Lameira, Meiral e Areias) detêm relativamente à restante área
da freguesia, um elevado número de unidades funcionais.
Na parte sudoeste da freguesia (Estação de
Campanhã), observa-se uma predominância de indústrias e comércio, bem como de
serviços de natureza económica, incluindo estas últimas serviços prestados às
empresas, como escritórios diversos, transportes e comunicações (sobretudo empresas
rodoviárias de passageiros e de carga).
Trata-se, de facto, de uma área que desde
cedo ofereceu boas condições para a implantação de indústrias e armazéns, dada a
disponibilidade de espaço (na altura) e a possibilidade de transportar mercadorias pelo
caminho-de-ferro. No Freixo, a Fábrica de Esmaltagem Mário Navega, hoje em ruínas,
testemunha, como a do Ceres, a vocação da freguesia para este tipo de actividade a
partir de finais do século passado.
Verifica-se, porém, na actualidade, a
dificuldade de captar esta forma de ocupação, já que as novas exigências de espaço
livre e de circulação requerem uma restruturação territorial, enquanto que ao nível
das empresas existentes se verifica a deslocação de algumas unidades para áreas menos
congestionadas.
Refira-se, a título de exemplo, a Fábrica
de Vidro no Freixo que, depois de aí funcionar durante mais de 20 anos, transferiu-se
para Avintes, onde se encontra actualmente. Também as moagens, que inicialmente optaram
por uma localização na área envolvente da Estação de Campanhã (caso de Ceres),
começam a sofrer o peso do congestionamento.
As actividades ligadas ao comércio detém
também importância significativa, especialmente nas vias que irradiam da estação do
caminho-de-ferro e adjacentes. Aqui se destacam os snacks, cafés, confeitarias,
restaurantes e lojas de artigos diversos, cuja função será a de servir, principalmente,
os passageiros e viajantes dos comboios. Os serviços de natureza económica aí
existentes, destinam-se fundamentalmente a servir e coordenar as actividades ligadas à
estação, avultando as empresas de camionagem, os transitários e escritórios de
contabilidade e outras profissões liberais, que normalmente ocupam os andares superiores
dos edifícios.
Também na Rua de S. Roque da Lameira a
indústria vai perdendo importância à medida que nos afastamos da linha de
caminho-de-ferro, dando lugar a um maior e diversificado número de unidades de comércio,
cafés e restaurantes, serviços de natureza económica e social.
Via de intenso trânsito, é utilizada como
principal mercado nas áreas que lhe ficam a norte e sul, onde se localizam alguns
bairros. Deste modo se explica a existência destas unidades que pretendem servir a
população que aí reside e/u trabalha. Detém ainda unidades de âmbito administrativo,
algumas das quais instaladas em palacetes dos séculos anteriores (nomeadamente o Gabinete
de Planeamento Urbanístico da Câmara Municipal do Porto), o que reflecte um
aproveitamento positivo pois que ao dar-se uso aos edifícios assegura-se a sua
conservação.
Fábrica de Moagens Ceres
A área norte da freguesia apresenta uma
nítida dispersão funcional e um reduzido número de unidades por quarteirão. Serviços
de natureza social, como infantários e escolas primárias, surgem isolados no interior
dos bairros residenciais. Também algumas unidades agrícolas se destacam, com muitas
delas a preencher a totalidade dos quarteirões, concentrando-se as restantes actividades
nos lugares mais centrais, de Contumil e Cruz.
A sudeste, em Azevedo de Campanhã, são as
Ruas do Meiral e das Areias que ditam a distribuição funcional, com as actividades do
sector primário a não deixarem de revelar a sua preponderância, expandindo-se pelos
quarteirões a norte e sul das respectivas vias.
Companhia P. Cobre
A indústria e o comércio por grosso, detêm
maior expressividade mais a sul, junto à marginal, onde a par de grandes edifícios
modernos, persistem outros num avançado estado de decadência, dada a dificuldade de
expansão e circulação num terreno, que nalguns locais é bastante acidentado. Esta
dificuldade é minorada ao longo da Estrada da Circunvalação que, como se pode observar,
é mais ou menos contornada em toda a sua extensão por unidades do sector secundário e
de comércio por grosso.
Se é verdade que o Homem é o principal
interveniente e o motor de crescimento da cidade, a distribuição da população e o seu
crescimento deverá necessariamente ser acompanhada por uma melhoria do suporte físico.
O que hoje observamos porém, não deixa de
ser alarmante, se pensamos que a promoção de actividades económicas e sociais, de que a
freguesia carece, deverá ter por base uma criteriosa restruturação de rede viária e
que tal empreendimento não parece fácil, face à desorganização e antiguidade que
apresenta.
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